quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O Descontrole, na internet, decidiu por algumas mudanças.
A primeira delas será o endereço.
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O maior power trio do Brasil fez show em Campinas, em Dezembro, e deixou o seu recado para a galera do DESCONTROLE: “’Alternativo’ seria mais um rótulo, somos uma banda de rock!” por Carlos Henrique e Letícia Dario

A

história do rock brasileiro está calcada em algumas referências estéticas que vêm dos Estados Unidos e da Europa, principalmente. Na Jovem Guarda, o inicio de tudo, roqueiros brasileiros sofriam acusações de estarem “americanizando” a canção e deixando de lado elementos da sua própria cultura. Não havia a noção de rock’n’roll como música universal, o que só veio acontecer depois da Tropicália e todos os seus argumentos favoráveis à adoção da guitarra elétrica. Aliás, os tropicalistas fizeram mais que incorporar a guitarra na música brasileira: ajudaram a fazer com que nossas canções se inserissem num contexto maior e criaram um elo entre a cultura brasileira e a música pop, sem descartar as tentativas anteriores de “modernizar” a nossa música. Os jovens ligados ao movimento faziam questão de mostrar que já na música de Roberto Carlos e outros astros da Jovem Guarda existiam elementos que caracterizavam o nascimento do que viria a ser chamado de “rock nacional”. Havia uma identidade própria, o nascimento de algo que se tornaria grandioso em pouco tempo. Roqueiros inseridos no movimento tropicalista, artistas como Tom Zé e Os Mutantes, recentemente, alcançaram um reconhecimento que, antes, ninguém no Brasil experimentara e, pouco a pouco, artistas, críticos de arte e jornalistas foram percebendo que não se tratava de exterminar a música brasileira, mas de ampliar horizontes estéticos e participar de um fenômeno mundial de diversidade cultural.

Surgiram várias iniciativas de carimbar o rock com uma faixa verde e amarela. Desde Raul Seixas (com seu rock-baião) até as bandas dos anos oitenta com suas constantes referências ao processo de abertura política pelo qual o país passava e cobranças quanto à sonhada transformação social que viria com a tal redemocratização do Brasil. O samba esteve presente no rock desde os tempos de Bossa Nova. Os tropicalistas, o Jorge Ben, os Novos Baianos e alguns artistas da década de oitenta também insistiram nessa fórmula como uma maneira de ir tecendo uma marca própria à musica pop feita no Brasil. Nos noventa, o mangue beat tornou-se referência desse cenário e surgiram inúmeras bandas interessadas em misturar elementos da cultura brasileira com o som universal do rock’n’roll. Talvez o Roots do Sepultura tenha se destacado entre as boas iniciativas do período. O rap seguiu a mesma linha e começou a tomar partido pela antropofagia cultural (Rappin’Hood e Marcelo D2 entre outros).

Durante todo esse tempo (a não ser na Jovem Guarda) ficou-se imaginando que, para ser brasileiro, o rock precisaria conter elementos da música nacional e esqueceu-se que, na verdade, nunca houve uma música essencialmente brasileira (exceto nas culturas indígenas). Nossas informações musicais vêm de outras culturas (lusitana/européia e africana, basicamente). O insight dos modernistas revelou essa identidade brasileira de devorar aquilo que vem de fora como forma de incorporar o que há de bom.

Nos anos dois mil o rock alternativo ganhou força e houve uma explosão de surgimento de novas bandas. O indie quebrou um pouco a insistência anterior de que o rock tinha que ter batuque de samba ou então música indígena e baião. Alguns jovens retornaram às garagens e começaram a fazer rock da forma como o rock é feito em qualquer lugar do mundo. Acontece que algo diferente começava a surgir a partir desse novo cenário.

Com o fim de uma banda chamada Little Quail & The Mad Birds que, por pouco, não estourou nos anos noventa, Gabriel Thomaz convidou dois amigos para iniciarem um novo projeto de rock’n’roll. Gabriel, Simone e Bacalhau começaram a fazer um som dançante que conquistou o Brasil. O primeiro disco, “Stress, Depressão e Síndrome do Pânico”, do ano 2000, foi distribuído pela Universal e alcançou um sucesso razoável: teve faixas tocadas nas maiores rádios do país e veiculação de clipe pela MTV. O disco rendeu uma turnê que percorreu grande parte do Brasil, fazendo um rock bastante característico (sem samba ou nada do gênero, mas com letras em português, um baixo distorcido - que virou marca da banda - e uma animação que não passa longe do espírito de festa do povo brasileiro). Em 2001 veio “Vida Real” que levou o Autoramas até ao Japão. “Nada Pode Parar os Autoramas” é de 2003 e rendeu prêmios importantes à banda. Em 2004, Simone, para segurar a barra de sua vida pessoal, decide deixar o trabalho de sete anos (para desespero dos fãs mais antigos). Ainda assim, em 2005 o clipe “Você Sabe” venceu em três categorias no VMB da MTV. Selma Vieira, a nova baixista, chegou no Autoramas como se já fosse parte integrante da banda e, pouco a pouco, vem conquistando o seu próprio espaço nessa história de sucesso.

“Teletransporte”, de 2007, ainda não traz composições de Selma, mas mostra um Autoramas que sabe o que faz deixando marcas no rock brasileiro. O disco é produzido por Kassin e Berna Ceppas e distribuído pela campineira Mondo77. O site Trama Virtual o escolheu como melhor do ano e a MTV o colocou na lista dos cinco mais (ao lado de Pato Fu, Paulinho da Viola, Nação Zumbi e Cachorro Grande). Não é nem possível atrever-se a fazer uma resenha do disco depois do texto que a Simone, ex-baixista da banda, escreveu: “Mais sombrio que os antecessores - Stress, depressão & síndrome do pânico (2000), Vida Real (2001) e Nada pode parar os Autoramas (2004) - e decerto o melhor de todos, Teletransporte é uma pisada suicida no acelerador que provocou uma bela guinada na carreira da banda de rock mais bacana, mais independente e, ainda bem, mais teimosa do Brasil” (www.punknet.com.br).

No dia treze de dezembro de 2007, Bacalhau, Selma e Gabriel estiveram em Campinas, na Kraft. A casa não lotou, mas esteve bastante movimentada (ainda mais se levar-se em conta o fato de que o show aconteceu numa quinta-feira).

O público campineiro é difícil de ser definido. Reclama, mas nem sempre comparece aos eventos mais diferentes e interessantes que ocorrem na cidade. O importante é que o rock não desiste nunca! E foi essa a energia que se propagou no show do Autoramas. O público se dividia entre fãs e curiosos, mas é fato que a banda sugou a atenção de todos. Com refrões cativantes, performances chamativas e imprescindível profissionalismo, eles dominaram a noite. O show pareceu curto, como tudo que é bom, mas serviu pra deixar a vontade de “quero mais”. Se as bandas independentes, alternativas ou indies (ou o nome que inventarem) tiverem essa garra, essa qualidade, o rock brasileiro ainda vai mostrar muita coisa boa.

Abriram o show com Mundo Moderno, do disco novo, e desfilaram uma porrada de hits: Bom Veneno, Você Sabe, A História da Vida de Cada Um, Catchy Chorus, entre outras. Destaque para a performance ao vivo empolgante de Hotel Cervantes e a delicadeza de 300km/h.

Depois do show, no camarim, a banda conversou com o DESCONTROLE. Perguntada sobre o que pensa a respeito da realidade que a musica vem enfrentando atualmente, Selma foi categórica ao afirmar: “Eu baixo músicas da internet”. A baixista afirmou que tem vontade de possuir os discos de todas as bandas que gosta, mas isso, hoje, tornou-se bastante difícil, até mesmo pela variedade de bandas existentes. Mas, apesar de não negar que baixa músicas da internet, Selma deixou claro que também “é muito bom poder cantar as músicas junto e ver a arte do encarte”, ou seja, o formato físico não perdeu a sua importância. O Autoramas, mesmo tendo disponibilizado sua discografia para download no Trama Virtual (http://tramavirtual.uol.com.br/artista.jsp?id=40398), chegou a lançar compactos em vinil.

http://autoramas.uol.com.br/

Afinal, a banda é alternativa? “’Alternativo’ seria mais um rótulo, somos uma banda de rock”, exclama Selma. E das melhores, por sinal. Gabriel, no mesmo tom de Selma, lembra que “todas as bandas têm o seu público, afinal, existe espaço para todo mundo”. Há melhor definição para o que seja o rock’n’roll?

Fazendo rock simples de maneira incrível, o Autoramas é o power trio que, hoje, melhor se destaca no cenário nacional. O show em Campinas foi um presente de fim de ano e mostrou que é possível, sim, criar algo mais consistente com os fatores que envolvem a cultura underground local, com parcerias e tal. Bacalhau, ao fim do show, deu a sentença final ao perguntar ao editor desse fanzine: “você se divertiu? Eu estava me divertindo muito!”. É isso. RRRRRRRRRRRRRROCK!

sábado, 14 de novembro de 2009

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

charme chulo na tv rocknbeats


Para quem ainda não conhece, Rock'n'Beats é uma festa produzida por Junior Passini, Leandro Filippi e Christian Camilo que acontece uma vez por mês no Bar do Zé, em Campinas. Eles também sustentam um site com o mesmo nome e é de lá que nós tiramos essa entrevista com o Charme Chulo (banda que esteve na festa em setembro deste ano):



Para conhecer o excelente site da festa clique aqui.