quinta-feira, 20 de novembro de 2008

charme chulo


O rock, no Brasil, várias vezes juntou elementos da cultura popular para criar um som próprio, característico. A viola caipira, na canção 2001, de Tom Zé e Rita Lee (gravada em 1969 pelos Mutantes) flerta maravilhosamente bem com o som revolucionário de guitarras distorcidas. A canção vem anunciando um tempo novo, por um profeta que é, ao mesmo tempo, baiano e estrangeiro: Dei um grito no escuro, sou parceiro do futuro, na reluzente galáxia”.

Numa viagem feita na velocidade da luz, chegamos à segunda metade da primeira década do terceiro milênio. A configuração da música desde o final da década de sessenta até aqui mudou muito. Hoje a música não chega mais num disco de vinil, de uma maneira que se possa palpar, mas vem feito bolha de sabão, por meio de um mecanismo virtual. E vem sempre reciclada, refeita, misturada.

A raiz brasileira aparece por aqui de novo, num rock que, dessa vez, vem lá da capital do Paraná. E a configuração da música aparece até mesmo no nome da banda: Charme Chulo. São uma espécie de Smiths caipiras. Como na referida banda, o Charme Chulo também tem por base a combinação do baixo e da bateria com um instrumento acústico. Ao invés dos violões que seguram a voz de Morissey, uma viola caipira é o alicerce para Igor Filus costurar suas letras em melodias bastante folk e, ao mesmo tempo, dançantes.

Além de Igor, a banda conta com seu primo, Leandro Delmonico, Peterson Rosário e Rony Jimenez. Já tem um disco gravado (lançamento em 2007) e um registro ao vivo realizado pela Grande Garagem que Grava. Composições como Mazzaroppi Incriminado e Polaca Azeda já viraram hits entre roqueiros mais antenados. Mas não é a gravação o ponto alto da banda.

No palco, o Charme Chulo apresenta um show vigoroso, com a presença bastante envolvente de Igor nos vocais.

Em abril desse ano a banda esteve em Campinas a convite do JB e Seus Amigos Sex Symbols. O show, realizado no Woodstock Music Bar, tinha um público pequeno, mas mostrou a força da banda curitibana. Alem das canções do álbum da banda, como Não Deixa a Vida Te Levar, A Caminho das Luzes Esta Noite, Piada Cruel e as já mencionadas por aqui, Charme Chulo realizou um cover de 2001, dos Mutantes, mostrando o potencial universal que uma música pode ter quando ela nasce “sem ter idade”. E a música do Charme Chulo, junto de outras bandas novas como Terminal Guadalupe e Violins, parece que veio pra preencher uma lacuna que o rock nacional tinha desde o desaparecimento de grandes ícones como Cazuza e Renato Russo.

Há a possibilidade de baixar algumas canções da banda no site oficial:

http://www.charmechulo.com.br/

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