NEM TODO MUNDO É IGUAL
o rock nacional ganha uma visão ao mesmo tempo
colorida e sinistra
por meio da gaúcha Wonkavision
A infância nos anos oitenta cheirava a pipoca e “sessão da tarde”. Engraçado como se repetiam vários filmes, alguns deles clássicos, como o incrível musical Willie Wonka and The Chocolate Factory, de 1971, mais conhecido por aqui como A Fantástica Fábrica de Chocolate. Pouco mais de trinta anos depois, uma nova versão do livro de Roald Dahl foi rodada, Charlie and the Chocalate Factory, com Jhonny Depp no papel do divertido e macabro Willie Wonka. Divertido e macabro, como o rocknroll, né? No início dos anos 2000 uma banda lá de Porto Alegre, com a pretensão pop de soar sinistra tendo como plano de fundo um cenário multicolorido, foi batizada de Wonkavision. Em 2004 lançaram seu primeiro álbum, produzido pelo John (Pato Fu) e distribuído de maneira independente. Sem medo do pop[1], o Wonkavision caprichou em um disco de ótima qualidade, guitarras distorcidas e um moog que já é característico. Recentemente, gravaram suas músicas em inglês, para o lançamento de um disco no Japão, e disponibilizaram todas as faixas no Trama Virtual. “Não foi fácil regravar as vozes
Com a saída da Grazi, o Wonkavision incorporou um músico que fez parte da extinta Vídeo Hits, o Gustavo. “O Guzz é um puta baixista!! Além ser uma pessoa maravilhosa. A entrada dele na banda só nos trouxe alegria e a influencia dele no disco novo foi decisiva, não só no baixo, mas nos outros instrumentos também. O Guzz tem um ótimo gosto musical também por isso suas idéias sempre foram bem-vindas”. Disco novo? “O disco já está gravado e está em fase de pós-produção - o que é algo demorado. Estamos com planos de lançar as musicas na medida em que elas forem ficando prontas. Esse é o projeto pra 2008. Foi gravado
Leo Vinhas, em um texto do Scream & Yell[2], escreveu que “o Wonkavision faz o possível para não passar para a ‘história’ como mais uma banda cult à qual só jornalistas e meia dúzia de fãs garimpeiros (que curtem mais a idéia de ter um som pouco conhecido do que a música em si) têm acesso”. O que é, afinal, o pop? “Qualquer banda quer que sua música toque pra caramba por aí. Lembro que até o Cardigans respondeu isso na coletiva de imprensa deles em Floripa quando os jornalistas perguntaram... Não acredito que ser do mainstream ou do underground seja uma escolha. Mas acredito que de qualquer forma o mercado fonográfico mudou muito nos últimos anos, pra qualquer tipo de artista, mesmo os do mainstream. Acredito que hoje o artista tem que estar mais envolvido com sua carreira e os caminhos que quer percorrer com ela, porque senão é difícil se manter no mercado. A Fernanda e o John (Pato Fu) continuam sendo um exemplo pra nós enquanto artistas, já o que o envolvimento deles vai muito além de compor e gravar musicas. A Fernanda acabou de lançar um ótimo livro e regravou diversos sucessos da Nara Leão, ficou muito bonito. Esses novos produtos são fruto do esforço dela, curiosidade dela em criar cada vez mais e não simplesmente uma idéia aleatória ou comercial de um produtor”.
Manu afirma que, apesar de discutirem diariamente assuntos como problemas sociais, pobreza e capitalismo, as músicas do Wonkavision estão mais preocupadas com o universo do indivíduo em seu cotidiano solitário. A banda “fala de questões que são comuns a todas as pessoas como ciúmes, relacionamentos amorosos, amor, traição, planos para o futuro”. As letras são do Will e tem uma dimensão filosófica/existencial. Manu acredita que “cada pessoa é absolutamente responsável por aquilo que lhe acontece por mais absurdos que os acontecimentos possam parecer, e que os acontecimentos em si estão diretamente ligados com a visão que temos do mundo”. Fica para o fã da boa música a tarefa de refletir sobre como seria a vida de quem possui uma wonkavision e de ficar atento aos novos lançamentos da banda pelos sites da internet.
[1] “sabemos que o Brasil é um país onde a cultura maciçamente consumida é a massificada, aquela que está nos canais da TV, nas rádios. Acredito que aquilo que recebe investimento desses meios de comunicação acaba virando POP, não importa a qualidade. Por isso tem coisa POP muito boa ou muito ruim, isso não importa. O que é bom e o que é ruim?? (essa fica pra próxima entrevista... hehehe)” – explica Manu.
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