quarta-feira, 18 de novembro de 2009
muito mais
O maior power trio do Brasil fez show em Campinas, em Dezembro, e deixou o seu recado para a galera do DESCONTROLE: “’Alternativo’ seria mais um rótulo, somos uma banda de rock!” por Carlos Henrique e Letícia Dario
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história do rock brasileiro está calcada em algumas referências estéticas que vêm dos Estados Unidos e da Europa, principalmente. Na Jovem Guarda, o inicio de tudo, roqueiros brasileiros sofriam acusações de estarem “americanizando” a canção e deixando de lado elementos da sua própria cultura. Não havia a noção de rock’n’roll como música universal, o que só veio acontecer depois da Tropicália e todos os seus argumentos favoráveis à adoção da guitarra elétrica. Aliás, os tropicalistas fizeram mais que incorporar a guitarra na música brasileira: ajudaram a fazer com que nossas canções se inserissem num contexto maior e criaram um elo entre a cultura brasileira e a música pop, sem descartar as tentativas anteriores de “modernizar” a nossa música. Os jovens ligados ao movimento faziam questão de mostrar que já na música de Roberto Carlos e outros astros da Jovem Guarda existiam elementos que caracterizavam o nascimento do que viria a ser chamado de “rock nacional”. Havia uma identidade própria, o nascimento de algo que se tornaria grandioso em pouco tempo. Roqueiros inseridos no movimento tropicalista, artistas como Tom Zé e Os Mutantes, recentemente, alcançaram um reconhecimento que, antes, ninguém no Brasil experimentara e, pouco a pouco, artistas, críticos de arte e jornalistas foram percebendo que não se tratava de exterminar a música brasileira, mas de ampliar horizontes estéticos e participar de um fenômeno mundial de diversidade cultural.
Surgiram várias iniciativas de carimbar o rock com uma faixa verde e amarela. Desde Raul Seixas (com seu rock-baião) até as bandas dos anos oitenta com suas constantes referências ao processo de abertura política pelo qual o país passava e cobranças quanto à sonhada transformação social que viria com a tal redemocratização do Brasil. O samba esteve presente no rock desde os tempos de Bossa Nova. Os tropicalistas, o Jorge Ben, os Novos Baianos e alguns artistas da década de oitenta também insistiram nessa fórmula como uma maneira de ir tecendo uma marca própria à musica pop feita no Brasil. Nos noventa, o mangue beat tornou-se referência desse cenário e surgiram inúmeras bandas interessadas em misturar elementos da cultura brasileira com o som universal do rock’n’roll. Talvez o Roots do Sepultura tenha se destacado entre as boas iniciativas do período. O rap seguiu a mesma linha e começou a tomar partido pela antropofagia cultural (Rappin’Hood e Marcelo D2 entre outros).
Durante todo esse tempo (a não ser na Jovem Guarda) ficou-se imaginando que, para ser brasileiro, o rock precisaria conter elementos da música nacional e esqueceu-se que, na verdade, nunca houve uma música essencialmente brasileira (exceto nas culturas indígenas). Nossas informações musicais vêm de outras culturas (lusitana/européia e africana, basicamente). O insight dos modernistas revelou essa identidade brasileira de devorar aquilo que vem de fora como forma de incorporar o que há de bom.
Nos anos dois mil o rock alternativo ganhou força e houve uma explosão de surgimento de novas bandas. O indie quebrou um pouco a insistência anterior de que o rock tinha que ter batuque de samba ou então música indígena e baião. Alguns jovens retornaram às garagens e começaram a fazer rock da forma como o rock é feito em qualquer lugar do mundo. Acontece que algo diferente começava a surgir a partir desse novo cenário.
Com o fim de uma banda chamada Little Quail & The Mad Birds que, por pouco, não estourou nos anos noventa, Gabriel Thomaz convidou dois amigos para iniciarem um novo projeto de rock’n’roll. Gabriel, Simone e Bacalhau começaram a fazer um som dançante que conquistou o Brasil. O primeiro disco, “Stress, Depressão e Síndrome do Pânico”, do ano 2000, foi distribuído pela Universal e alcançou um sucesso razoável: teve faixas tocadas nas maiores rádios do país e veiculação de clipe pela MTV. O disco rendeu uma turnê que percorreu grande parte do Brasil, fazendo um rock bastante característico (sem samba ou nada do gênero, mas com letras em português, um baixo distorcido - que virou marca da banda - e uma animação que não passa longe do espírito de festa do povo brasileiro). Em 2001 veio “Vida Real” que levou o Autoramas até ao Japão. “Nada Pode Parar os Autoramas” é de 2003 e rendeu prêmios importantes à banda. Em 2004, Simone, para segurar a barra de sua vida pessoal, decide deixar o trabalho de sete anos (para desespero dos fãs mais antigos). Ainda assim, em 2005 o clipe “Você Sabe” venceu em três categorias no VMB da MTV. Selma Vieira, a nova baixista, chegou no Autoramas como se já fosse parte integrante da banda e, pouco a pouco, vem conquistando o seu próprio espaço nessa história de sucesso.
“Teletransporte”, de 2007, ainda não traz composições de Selma, mas mostra um Autoramas que sabe o que faz deixando marcas no rock brasileiro. O disco é produzido por Kassin e Berna Ceppas e distribuído pela campineira Mondo77. O site Trama Virtual o escolheu como melhor do ano e a MTV o colocou na lista dos cinco mais (ao lado de Pato Fu, Paulinho da Viola, Nação Zumbi e Cachorro Grande). Não é nem possível atrever-se a fazer uma resenha do disco depois do texto que a Simone, ex-baixista da banda, escreveu: “Mais sombrio que os antecessores - Stress, depressão & síndrome do pânico (2000), Vida Real (2001) e Nada pode parar os Autoramas (2004) - e decerto o melhor de todos, Teletransporte é uma pisada suicida no acelerador que provocou uma bela guinada na carreira da banda de rock mais bacana, mais independente e, ainda bem, mais teimosa do Brasil” (www.punknet.com.br).
No dia treze de dezembro de 2007, Bacalhau, Selma e Gabriel estiveram em Campinas, na Kraft. A casa não lotou, mas esteve bastante movimentada (ainda mais se levar-se em conta o fato de que o show aconteceu numa quinta-feira).
O público campineiro é difícil de ser definido. Reclama, mas nem sempre comparece aos eventos mais diferentes e interessantes que ocorrem na cidade. O importante é que o rock não desiste nunca! E foi essa a energia que se propagou no show do Autoramas. O público se dividia entre fãs e curiosos, mas é fato que a banda sugou a atenção de todos. Com refrões cativantes, performances chamativas e imprescindível profissionalismo, eles dominaram a noite. O show pareceu curto, como tudo que é bom, mas serviu pra deixar a vontade de “quero mais”. Se as bandas independentes, alternativas ou indies (ou o nome que inventarem) tiverem essa garra, essa qualidade, o rock brasileiro ainda vai mostrar muita coisa boa.
Abriram o show com Mundo Moderno, do disco novo, e desfilaram uma porrada de hits: Bom Veneno, Você Sabe, A História da Vida de Cada Um, Catchy Chorus, entre outras. Destaque para a performance ao vivo empolgante de Hotel Cervantes e a delicadeza de 300km/h.
Depois do show, no camarim, a banda conversou com o DESCONTROLE. Perguntada sobre o que pensa a respeito da realidade que a musica vem enfrentando atualmente, Selma foi categórica ao afirmar: “Eu baixo músicas da internet”. A baixista afirmou que tem vontade de possuir os discos de todas as bandas que gosta, mas isso, hoje, tornou-se bastante difícil, até mesmo pela variedade de bandas existentes. Mas, apesar de não negar que baixa músicas da internet, Selma deixou claro que também “é muito bom poder cantar as músicas junto e ver a arte do encarte”, ou seja, o formato físico não perdeu a sua importância. O Autoramas, mesmo tendo disponibilizado sua discografia para download no Trama Virtual (http://tramavirtual.uol.com.br/artista.jsp?id=40398), chegou a lançar compactos em vinil.
http://autoramas.uol.com.br/
Afinal, a banda é alternativa? “’Alternativo’ seria mais um rótulo, somos uma banda de rock”, exclama Selma. E das melhores, por sinal. Gabriel, no mesmo tom de Selma, lembra que “todas as bandas têm o seu público, afinal, existe espaço para todo mundo”. Há melhor definição para o que seja o rock’n’roll?
Fazendo rock simples de maneira incrível, o Autoramas é o power trio que, hoje, melhor se destaca no cenário nacional. O show em Campinas foi um presente de fim de ano e mostrou que é possível, sim, criar algo mais consistente com os fatores que envolvem a cultura underground local, com parcerias e tal. Bacalhau, ao fim do show, deu a sentença final ao perguntar ao editor desse fanzine: “você se divertiu? Eu estava me divertindo muito!”. É isso. RRRRRRRRRRRRRROCK!
sábado, 14 de novembro de 2009
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
charme chulo na tv rocknbeats
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
ludov
domingo, 18 de outubro de 2009
erasmo carlos
sábado, 17 de outubro de 2009
ela sobe, ela desce, ela dá uma rodada
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
venus volts
segunda-feira, 22 de junho de 2009
viu, bee?!
terça-feira, 12 de maio de 2009
quem é o dono da rua?
O jornal Correio Popular de 12 de Maio
de 2009 publicou um texto de Carlos Henrique, editor do Descontrole, a respeito
da não realização da Virada Cultural Paulista em Campinas. Leia abaixo o texto
na íntegra:
A apropriação se dá quando o espaço reflete o sujeito. A partir do momento em que o campineiro conseguir enxergar-se no espaço público, ele será capaz de cuidar (já que é livre e responsável). Enquanto isso não se dá, ele se apropria de maneira irresponsável: joga lixo no chão, depreda monumentos e picha prédios históricos. Observa-se que o poder público municipal tem interesse em manter a cidade limpa e cria mecanismos para isso (pintura de fachadas, instalação de lixeiras, campanhas anti-pichação). Entretanto, é possível notar que as políticas criadas não ajudam o cidadão a se perceber na cidade e continuam a busca da eliminação de fatores que estão na superfície sem procurar as causas mais prováveis desse descaso com a coisa pública.
Performances culturais espalhadas pela cidade são sinal de apropriação cuidadosa e exercício de eliminação do medo de andar livremente pelas ruas. Tem-se a impressão que dois mil e nove ainda não começou para a cultura em Campinas. A Estação não abre mais sua plataforma para shows aos domingos e os coretos permanecem ociosos nas praças do Centro. A não realização da Virada Cultural Paulista em Campinas é sintoma dessa política superficial que não privilegia a integração entre cidadão e rua. Um evento desse porte é capaz de pôr a cidade em movimento e reavivar os espaços públicos ociosos. O argumento da crise econômica mundial para a não realização do evento é equivocado, já que a cidade teve o orçamento aprovado no ano anterior e a Virada Cultural Paulista é proposta pela secretaria de cultura estadual. Arthur Achilles, secretario municipal de cultura, argumentou ao Correio Popular de cinco de maio que não haveria tempo hábil para as licitações dos equipamentos a serem utilizados. Entretanto, acredita-se que a Virada deveria constar no calendário da cidade (já que o evento acontece há dois anos em Campinas). A impressão que fica é a de manobra político-eleitoreira (dois mil e nove não é ano eleitoral).
Mais uma vez, perde-se a oportunidade de exercitar a saudável apropriação daquilo que, deveras, é público. Enquanto o cidadão não sentir-se integrado à rua, não haverá oportunidade de revitalização: a cidade continuará provinciana, pacata e sem criatividade. Até quando artistas e cidadãos antenados de Campinas precisarão deslocar-se para saciar a sua necessidade cultural? A pretensão de tornar-se uma metrópole se esvazia cada vez que a cidade se nega a movimentar-se internamente e sua alma permanece acinzentada e sem vida.
quarta-feira, 29 de abril de 2009
tg
O nome da banda é uma referência a um lugar específico da capital paranaense. “Toda metrópole do Terceiro Mundo tem um lugar como o Terminal Guadalupe, uma estação de ônibus freqüentada por todo tipo de gente, de prostitutas a missionários, de donas de casa a traficantes, de ladrões a trabalhadores exemplares - a maioria, tratada como estatística. Não é cartão-postal, não é prédio histórico, não é cosmético. O Terminal Guadalupe é onde começa e acaba o mito da cidade perfeita”.O tom politizado de algumas letras parece não tirar o espírito de diversão do grupo que permite um som pop em algumas canções (“De Turim a Acapulco” gruda como se fosse chiclete). As dez canções de “A Marcha dos invisíveis” poderiam muito bem tocar no rádio. “De que adianta um discurso que não te emociona? É preciso que a música funcione. Sim, a gente se diverte na busca desse equilíbrio entre o que cantamos e tocamos. Normalmente o Allan (Yokohama, guitarrista) traz uma música que eu 'edito' com ele antes de fazer a letra. Depois, levamos essa estrutura para banda lapidar nos arranjos. É o nosso método de trabalho”. O disco foi gravado no estúdio Toca do Bandido, idealizado por Tom Capone e que já registrou Wander Wildner e Maria Rita. Os músicos da banda não chegaram a conhecer Tom Capone: “ele já tinha morrido quando conhecemos o estúdio” (Tom faleceu num acidente de moto quando trafegava por uma importante avenida de Los Angeles, após deixar a cerimônia do Grammy que premiava Maria Rita, em 2004). A gravação na Toca fez com que o disco ganhasse uma qualidade especial. “Fomos gravar lá por insistência do produtor Tomás Magno, que se ofereceu para trabalhar conosco em “A Marcha dos Invisíveis”. Deu no que deu: um álbum com qualidade gringa”.
Com disco novo esperado para o final de 2008, o Terminal Guadalupe tem percorrido um caminho de prestígio (“A Marcha dos Invisíveis” – 2007 – configurou entre os melhores do ano em diversas listas de críticos, sites e revistas) e traz de volta alguns elementos importantes que o rock nacional tinha deixado para trás. Estiveram em Campinas, em janeiro, para uma apresentação mais que eletrizante no Bar do Zé, ao lado de Radiare (também nesta edição do zine) e têm percorrido o país com seus shows e boas intenções roqueiras. Neste ano, ainda lançaram um disco ao vivo não oficial chamado “Como despontar para o anonimato” (disponível para audição no MySpace da banda). Visite os sites, ouça as músicas e conheça o TG:
sexta-feira, 3 de abril de 2009
del-o-max
Hey! Qual é o estilo musical mais popular do mundo? Desde os anos 50, com um pezinho na cultura norte-americana e o outro querendo dar um passo que atingiria o mundo inteiro, o rock’n’roll vem fazendo sujeitos chacoalharem o esqueleto e já passou por inúmeras transformações, já ganhou não sei quantos rótulos, já realizou um sem-número de combinações, mas manteve algumas características intactas até aqui. Quantas vezes se ouviu falar que o rock morreu? Têm dito por aí que, hoje, só o que as bandas fazem é dar uma requentada no que já foi apresentado por alguém em determinado período. Mas uma das características que define o rock é exatamente a sua heterogeneidade e a capacidade que tem de se reciclar e reinventar.
O Del-O-Max, banda de Campinas formada por Guilherme Campos (voz/baixo), Maurício Struckel (guitarra/voz), Renato Henriques (baixo/orgão) e Alessandro Soave (bateria), reconhece-se como uma banda inspirada por um apanhado geral da história do rock simples e sujo. Mas quem prestou a atenção na formação da banda descrita acima, percebeu que há uma peculiaridade (que, já na primeira audição, deixa claro que o Del-O-Max não é só mais uma bandinha underground do interior): são dois baixos! Em 2007 a banda lançou “Too Hard”, seu melhor trabalho até aqui, e quase entrou para a história como a banda brasileira que gravou o último disco de vinil nacional (não fossem os subsídios do governo para manter a PolySom em funcionamento, “Too Hard” teria sido o último registro em vinil realizado em solo brasileiro). Contudo o Del-O-Max faz história não por qualquer imprevisto afortunado, mas pela qualidade do trabalho de amigos que se unem pela diversão: “começamos a tocar simplesmente por gostarmos de música”, afirma Renato. Seu trabalho tem qualidade e se destaca em meio ao cenário atual do rock feito pelas bandas de cá. Em 2004 a galera de Campinas chegou a dividir o palco com os escoceses do Teenage Fanclub: “Fizemos um bom show nesse dia”, lembra Guilherme Campos, “foi mais divertido que qualquer outro... mas o interessante mesmo foi a festinha que rolou depois! Sempre imaginei que escoceses bebiam Whiskey... é verdade!!”. Renato completa: “Sem dúvida ter aberto para o Teenage Fanclub foi um dos pontos altos na carreira da banda. O Teenage é uma das unanimidades que temos na hora de ouvir um som em casa, etc. Assim foi legal irmos vendo a banda crescer, a ponto de podermos tocar ao lado de uma banda que já gostávamos antes da nossa existir e, ainda, termos uma reação bastante positiva do público que estava lá, sobretudo, para ver os escoceses”.
A gravação do último disco tem qualidade bastante superior que os registros anteriores e, apesar de ter decidido lançar o disco em formato de vinil, o Del-O-Max não fugiu dessa nova configuração da música. Fala aí, Renato Henriques: “acreditamos que a disponibilização de arquivos MP3 e similares de fato democratizou a música. Antes você ouvia apenas o que era vendido em lojas, o que refletia as imposições da indústria fonográfica. Com o MP3, praticamente toda a música do mundo ficou disponível, assim, cabe ao ouvinte escolher se quer ouvir uma banda de garagem da Turquia dos anos 60, ou um novo hit, trilha de algum filme sucesso de bilheteria. Antes essa escolha não era possível. Se quisesse algo diferente, tinha que encomendar o disco – o que era caro – e, assim, não dava para arriscar muitos tiros no escuro. Por outro lado, crescemos indo em sebos de LPs no sábado de manhã e cultuamos uma estética ‘vintage’. Assim todos nós acabamos ficando com um certo ‘fetiche’ por discos de vinil. Conseguimos a chance de também fazer o nosso e ficamos extremamente felizes com o resultado. Assim, demos aos fãs duas alternativas. Se gostarem de nossa música, ou quiserem conhecer, podem entrar em http://www.del-o-max.com.br/ e baixar o disco inteiro e se quiserem passar para os amigos, melhor ainda. Por outro lado, se preferirem um objeto colecionável e bem produzido, podem adquirir o disco em vinil, pois escolhemos o melhor estúdio, papel, gráfica e gramatura do LP que foi possível para a banda”. O Guilherme vai um pouco além e liga essa nova realidade da música com a relação que os artistas têm com as gravadoras: “é ótimo ter opções, poder escolher, e melhor ainda poder conhecer antes de escolher. Finalmente as coisas funcionam assim. Isso é um problema para as gravadoras, talvez”.
“Too Hard”, mesmo antes de nascer, tinha a pretensão de soar cru e pesado. A intenção da banda era mostrar seu trabalho tal qual como quando se apresenta nos shows. O baixista Campos se orgulha: “Too Hard é o melhor do Del-O-Max, com certeza, nesse disco a gente conseguiu se manter o mais fiel possível ao que as pessoas vêem nos palcos”. E o baixista Henriques explica o processo de gravação: “pela primeira vez, acreditamos que conseguimos captar em uma gravação a energia e ‘massa sonora’ que conseguíamos ao vivo. No disco, de fato é a banda tocando e quase que não há efeitos adicionados nem nada assim. É o Del-o-max tal como é no palco, com algumas camadas sonoras acrescidas, já que tivemos um bom estúdio à disposição para tal”.
As músicas da banda são em inglês e prezam por um clima essencialmente rock’n’roll, festeiro, garageiro, jovem. Um pouco diferente do que a cidade de Campinas está acostumada a oferecer para os fãs da música pop. Aliás, Campinas tem, ainda, uma cultura bastante provinciana, pacata, conservadora no que diz respeito à música. Isso, talvez, seja um dos motivos para a dificuldade de se criar, aqui, um conjunto de fatores que aqueça o cenário da cultura pop local. Elementos não faltam: boas bandas, bons bares, lojas de discos, estúdios de arte, iniciativas pessoais, publicações... O que falta? “O que falta é as pessoas esquecerem a cultura de panelinhas (e de cada uma delas se achar ‘a cena’) e saírem de casa. Pois o resto (bares, bandas, centros culturais, etc, etc) não falta por aqui – e é uma das cidades onde os ingressos de shows e a cerveja são das mais baratas. Não entendo muito o pessoal daqui não (risos)! Falta também as bandas quererem tocar para as pessoas, e não somente para os membros das outras bandas”, reflete Renato. Guilherme continua: “querer as bandas querem... e pra dizer a verdade, querem até demais... falta mesmo é a massa. Como se faz um bolo sem a massa? Bolo de cobertura? Nunca vi isso dar certo... mas em Campinas as pessoas esperam isso, que a cobertura resolva o problema da falta de massa. É impossível! qualquer receita de bolo diz isso!”.
O próprio Del-O-Max tem algumas iniciativas que conspiram para uma junção dos fatores existentes na cidade. O Radi-O-Max é um projeto em que os membros da banda apenas discotecam e trazem bandas e DJs convidados: “acaba trazendo bem à tona o gosto musical de cada um dos nossos integrantes, e ainda acabamos beneficiados com os intercâmbios que fazemos (não só pela troca em si, mas também pela chance de podermos trazer e ver ao vivo bandas que gostamos bastante)”, explica Renato que, na época do Clube Informal, mantinha o ModClub, uma festa em que tocava garage 60s e 00s entre outras coisas: “estou sempre levando projetos assim a diante, mesmo que efêmeros. Após a ‘pausa’ do Informal, ainda cheguei a mexer em atividades bem semelhantes em locais como o Bar do Zé (Campinas) e Astronete (São Paulo). Mas com as últimas conversas que tive com o Alcides (Informal) tudo indica que o projeto deve continuar, mesmo que esporádico”.
Será que além de Renato Henriques os outros membros da banda têm projetos “paralelos”? É ele mesmo quem responde: “sim! Nós todos temos contas à pagar, já estamos envelhecendo (risos) e só a banda não consegue sustentar o estilo de vida que queremos. Assim, todos nós temos trabalhos ‘comuns’ e também outras atividades diferentes de trabalho. O Guilherme (voz/baixo) é um ótimo fotógrafo e utiliza esta expressão tanto como trabalho quanto como arte. Vem também se entusiasmando bastante com a música eletrônica. O Alessandro (bateria) vem conseguindo destaque nos bastidores da TV UNICAMP e é um grande entusiasta de atividades ao ar livre, sobretudo em locais ‘inóspitos’, como Patagônia, Pantanal, etc. O Maurício também toca guitarra no Radiare, que recentemente teve destaque no MTV Banda Antes. Ele é arquiteto, mas tem direcionado sua carreira cada vez mais para o Web Design. Eu (Renato/Baixo) no momento estou trabalhando com Biodiesel, e tal como o Maurício (além de ser um grande entusiasta do Design), coleciono miniaturas de carros antigos (o submundo dos carrinhos é bem mais barra-pesada que o do rock, sério mesmo!), sobretudo aqueles ligados a algo que gosto bastante, que são as contraculturas dos anos 60 (hot rods, low riders, etc, são algumas categorias de carros ligados a elas). Em http://www.fotolog.com/hotminis ou http://www.flickr.com/photos/hotminis há algumas fotos trabalhadas digitalmente de carros da minha coleção”. E Guilherme Campos dá o recado final: “por falar nisso... venceu nossa conta da sala de ensaio desse mês!! e o domínio da internet!! Olha o chapéu passando de novo!!”
Não, não é fácil estar conectado ao mundo da música pelo cabo da independência. São inúmeras as dificuldades que uma banda tem que enfrentar e somente o amor à causa é capaz de sustentar realidades como o Del-O-Max. O fato de a banda se ver como um grupo de amigos disposto a se divertir, faz com que essa paixão pelo rock’n’roll venha à tona. As marcas disso ficaram impressas no último trabalho dos meninos de Campinas, o “Too Hard”. Esse registro prova a capacidade que uma banda tem de se interessar pelo passado e pela preservação de alguns elementos que muito significaram (e significam) para a história da música e, ao mesmo tempo, a possibilidade de se manter antenada aos sinais dos tempos e responder às necessidades de seus contemporâneos. O fato de o Del-O-Max ter lançado o disco nos dois formatos é como que uma representação concreta daquilo que é mesmo o som da banda. Só ouvindo pra saber do que se trata.
quarta-feira, 18 de março de 2009
pato fu
O Descontrole, para a sua primeira edição, conseguiu uma entrevista exclusiva com Fernanda Takai, do Pato Fu, confira aí!
O que faz uma grande banda dizer adeus ao mainstream para abraçar o
mercado independente? O Pato Fu, com seu novo disco, volta a experimentar o
gostinho de fazer música sem estar ligado a uma grande gravadora
DESISTA DE SER SEMPRE VOCÊ
É difícil fazer comparações entre os discos do Pato Fu porque, desde o início, cada álbum retrata uma fase distinta de uma ban-da bastante mutante (desculpe o trocadilho, leitor, não tenho a intenção de equiparar, mais uma vez, o Pato Fu à banda do Sérgio Dias). Aliás, essa é uma característica inte-ressante que ajuda a medir a honestidade que o músico é capaz de imprimir em seu trabalho. Se o artista representa o seu tem-po, um bom disco deve ser o registro daquilo que se vive naquele momento e não uma repetição de fórmulas. Por não seguir fórmu-las, a banda do John, do Ricardo, da Fer-nanda, do Xande e do Lulu se reinventa a cada novo trabalho e consegue surpreender aos fãs e até mesmo aos que estão passan-do desapercebidamente. A galerinha optou por lançar seu novo álbum em formato virtu-al, antes do físico. As doze faixas de Daqui pro Futuro foram disponibilizadas para download na loja virtual da UOL e o disco completo pode ser baixado por R$9,90. Com esse novo trabalho (lançado em Outubro deste ano) O Pato Fu voltou ao mercado independente (a distribuição é feita pela Tratore): “Foi uma escolha natural. Já tínhamos experimentado o mercado independente no início, depois passamos 10 anos dentro de uma gravadora grande [BMG] com total liberdade artística. Quando o negócio começou a ficar estranho: os contratos pio-res, as verbas menores, não fazia sentido continuar”, conta Fernanda Takai. No formato físico, o CD não contém aquela já clássica inscriçãozinha: “Proibida a reprodução, execução pública e locação desautorizadas sob as penas da Lei”. Que o consumidor interprete isso à sua maneira.
Daqui pro Futuro veio mais calminho, um disco de uma banda pop madura e, apesar de inovadora, coerente. “Acho que a gente não é muito panfletário. Sempre acabamos apontando o dedo pra nós mesmos. Nossas incertezas, nossas alegrias e tristezas. Às vezes travestimos um tema mais sério com um arranjo mais pra cima. Talvez o Pato Fu não consiga ser nunca purinho. A gente é meio vira-lata nesse sentido.” As letras do novo disco, como as de anteriores, tratam de temáticas existencialistas com bastante propriedade. O Pato Fu não hesita em fazer canções que, embora se configurem como música pop, contém letras capazes de pro-vocar as pessoas a refletir sobre escolhas, amor, sexualidade, família, política, religião, violência, tempo, fama, liberdade e outros temas tão ou mais profundos. Isso ajuda a sustentar aquela teoria de que a música, ho-je, tem um papel importantíssimo na formação crítica do indivíduo, tarefa que até pouco tempo atrás era de incumbência dos livros e da literatura como um todo.
Fernanda Takai sussurra nas canções muito bem construídas de Daqui pro Futuro alguns recadinhos “maldosos” aos que colocam o disco novo da banda em sua playlist. O fato de as letras do Pato Fu estarem apontando o dedo para o indivíduo faz com que seu conteúdo esteja bastante conectado a uma certa filosofia existencialista. Em Espero, de Fernanda e John, pode-se ouvir: “Dizem que não sirvo pra gostar de ninguém, que não faço nada que não seja pro meu bem. Falo coisas de mau gosto, não posso evitar, e há quem mesmo vire o rosto ao me ver chegar”. Palavras que lembram personagens inventados por Jean-Paul Sartre ou por Clarisse Lispector em suas obras. Aliás, no novo disco há uma canção com o título A Hora da Estrela, uma certa referência à obra da escritora brasileira. Entretanto, a letra não fala da Macabéia, mas de alguém que está prestes a assumir um sucesso instantâneo, como essas pessoas que entram em evidên-cia por meio de reality shows ou escândalos midíáticos. Woo! tem clima setentísta, lem-brando os Mutantes (ops!) ou, talvez, Secos e Molhados. Pela primeira vez, aparente-mente, os patinhos falam sobre a temática homossexual, convidando o sujeito a “sair do armário”: “Veja como é ótimo, não tenha medo, conte seu angélico segredo”. Mas a canção abre espaço para uma interpretação mais anárquica quando faz uma interpelação para que se largue tudo e vá à forra, can-tando que “a confusão pode ser doce, a perfeição pode matar”. Mamã Papá nos remete, à primeira audição, à Nina, filha do casal Fu, por causa de suas considerações sobre a responsabilidade de se iniciar uma família. Tudo Vai Ficar Bem, com a partici-pação estrangeira de Andréa Echeverri (Aterciopelados), leva o ouvinte a conhecer o engajamento político-social da banda. A Verdade Sobre o Tempo trata a maturidade com uma visão filosófica um pouco mais ousada que a de Almir Sater em Tocando em Frente. Deus também desce do céu pra cantar “Quem não sou” (com participação especial do robozinho de Simplicidade). Nada Original apresenta a vida desgastada de um casal que vive uma rotina intermitente e 1.000 Guilhotinas reflete sobre a guerra. 30.000 Pés e Vagalume são a face mais pop do disco que, como todo mundo já sabe, carrega ainda uma versão super maneira de Cities In Dust do Siouxsie & The Banshees.
Um pouco às escondidas, o Pato Fu se caracteriza como uma das mais respeitadas bandas do Brasil. Surgida numa década um tanto turbulenta, sustentou um jeito de ser próprio que, apesar de mutável, não desa-grada aos fãs que acompanham o trabalho da banda desde o comecinho. A partir do rompimento com a ex-gravadora, vem assumindo uma nova forma que, possivel-mente, fará com que o Pato Fu se configure entre os melhores do mundo (como já foi classificado, nos tempos do Ruído Rosa, por uma revista estrangeira). “O ‘Toda Cura...’ já foi um exercício de independência mas era distribuído ainda pela SonyBMG. Este ano percebemos que havia mais agilidade e satisfação pessoal mesmo no trabalho com gente que gosta e acredita na nossa música de verdade. E tem sido muito bom! Hoje é bem melhor ser independente que no come-ço dos anos 90, quando nem internet havia...”. Talvez este seja o aval do Pato Fu às bandas novas que vem surgindo e fazendo com que a música brasileira dê um salto de qualidade em direção à universali-dade da arte e da catarse pop que faz o mundo se conectar para além de interesses comerciais. Assim seja!
segunda-feira, 2 de março de 2009
wonkavision
NEM TODO MUNDO É IGUAL
o rock nacional ganha uma visão ao mesmo tempo
colorida e sinistra
por meio da gaúcha Wonkavision
A infância nos anos oitenta cheirava a pipoca e “sessão da tarde”. Engraçado como se repetiam vários filmes, alguns deles clássicos, como o incrível musical Willie Wonka and The Chocolate Factory, de 1971, mais conhecido por aqui como A Fantástica Fábrica de Chocolate. Pouco mais de trinta anos depois, uma nova versão do livro de Roald Dahl foi rodada, Charlie and the Chocalate Factory, com Jhonny Depp no papel do divertido e macabro Willie Wonka. Divertido e macabro, como o rocknroll, né? No início dos anos 2000 uma banda lá de Porto Alegre, com a pretensão pop de soar sinistra tendo como plano de fundo um cenário multicolorido, foi batizada de Wonkavision. Em 2004 lançaram seu primeiro álbum, produzido pelo John (Pato Fu) e distribuído de maneira independente. Sem medo do pop[1], o Wonkavision caprichou em um disco de ótima qualidade, guitarras distorcidas e um moog que já é característico. Recentemente, gravaram suas músicas em inglês, para o lançamento de um disco no Japão, e disponibilizaram todas as faixas no Trama Virtual. “Não foi fácil regravar as vozes
Com a saída da Grazi, o Wonkavision incorporou um músico que fez parte da extinta Vídeo Hits, o Gustavo. “O Guzz é um puta baixista!! Além ser uma pessoa maravilhosa. A entrada dele na banda só nos trouxe alegria e a influencia dele no disco novo foi decisiva, não só no baixo, mas nos outros instrumentos também. O Guzz tem um ótimo gosto musical também por isso suas idéias sempre foram bem-vindas”. Disco novo? “O disco já está gravado e está em fase de pós-produção - o que é algo demorado. Estamos com planos de lançar as musicas na medida em que elas forem ficando prontas. Esse é o projeto pra 2008. Foi gravado
Leo Vinhas, em um texto do Scream & Yell[2], escreveu que “o Wonkavision faz o possível para não passar para a ‘história’ como mais uma banda cult à qual só jornalistas e meia dúzia de fãs garimpeiros (que curtem mais a idéia de ter um som pouco conhecido do que a música em si) têm acesso”. O que é, afinal, o pop? “Qualquer banda quer que sua música toque pra caramba por aí. Lembro que até o Cardigans respondeu isso na coletiva de imprensa deles em Floripa quando os jornalistas perguntaram... Não acredito que ser do mainstream ou do underground seja uma escolha. Mas acredito que de qualquer forma o mercado fonográfico mudou muito nos últimos anos, pra qualquer tipo de artista, mesmo os do mainstream. Acredito que hoje o artista tem que estar mais envolvido com sua carreira e os caminhos que quer percorrer com ela, porque senão é difícil se manter no mercado. A Fernanda e o John (Pato Fu) continuam sendo um exemplo pra nós enquanto artistas, já o que o envolvimento deles vai muito além de compor e gravar musicas. A Fernanda acabou de lançar um ótimo livro e regravou diversos sucessos da Nara Leão, ficou muito bonito. Esses novos produtos são fruto do esforço dela, curiosidade dela em criar cada vez mais e não simplesmente uma idéia aleatória ou comercial de um produtor”.
Manu afirma que, apesar de discutirem diariamente assuntos como problemas sociais, pobreza e capitalismo, as músicas do Wonkavision estão mais preocupadas com o universo do indivíduo em seu cotidiano solitário. A banda “fala de questões que são comuns a todas as pessoas como ciúmes, relacionamentos amorosos, amor, traição, planos para o futuro”. As letras são do Will e tem uma dimensão filosófica/existencial. Manu acredita que “cada pessoa é absolutamente responsável por aquilo que lhe acontece por mais absurdos que os acontecimentos possam parecer, e que os acontecimentos em si estão diretamente ligados com a visão que temos do mundo”. Fica para o fã da boa música a tarefa de refletir sobre como seria a vida de quem possui uma wonkavision e de ficar atento aos novos lançamentos da banda pelos sites da internet.
[1] “sabemos que o Brasil é um país onde a cultura maciçamente consumida é a massificada, aquela que está nos canais da TV, nas rádios. Acredito que aquilo que recebe investimento desses meios de comunicação acaba virando POP, não importa a qualidade. Por isso tem coisa POP muito boa ou muito ruim, isso não importa. O que é bom e o que é ruim?? (essa fica pra próxima entrevista... hehehe)” – explica Manu.
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
top five 2008
TOP FIVE by William Lima
Disco Internacional
1) Oracular Spectacular (MGMT)
2) The Odd Couple (Gnarls Barkley)
3) Third (Portshead)
4) Accelerate (R.E.M.)
5) Jukebox (Cat Power)
Disco Nacional
1) Japan Pop Show (Curumin)
2) Pareço Moderno (Cérebro Eletrônico)
3) Buscador (Momo)
4) Terceiro Mundo Festivo (Wado)
5) Punx (Guizado)
Música Internacional
1) Viva La Vida (Coldplay)
2) Time to Pretend (MGMT)
3) Many Shades of Black (The Raconteurs)
4) White Winter Hymnal (Fleet Floxes)
5) Another Day (Jamie Lidell)
Música Nacional
1) Tudo o que eu sempre sonhei (Pullovers)
2) Dê (Cérebro Eletrônico)
3) Magrela Fever (Curumin)
4) Fita Bruta (Wado)
5) Tchubaruba (Mallu Magalhães)
Filmes
1) Batman - o Cavalheiro das Trevas (Christopher Nolan)
2) Onde os Fracos Não têm Vez (Ethan e Joel Coen)
3) Linha de Passe (Walter Salles e Daniela Thomas)
4) Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto (Sidney Lumet)
5) Vick Cristina Barcelona (Woody Allen)
TOP FIVE by Carlos Caetano
Disco Internacional
1) The Odd Couple (Gnarls Barkley)
2) Modern Guilt (Beck)
3) Oracular Spectacular (MGMT)
4) Vampire Weekend (Vampire Weekend)
5) Jukebox (Cat Power)
Disco Nacional
1) Japan Pop Show (Curumin)
2) Terceiro Mundo Festivo (Wado)
3) Na Confraria das Sedutoras (3 na Massa)
4) Estudando a Bossa (Tom Zé)
5) Mallu Magalhães (Mallu Magalhães)
Música Internacional
1) Kids (MGMT)
2) Blind Mary (Gnarls Barkley)
3) Great DJ (The Ting Things)
4) Pump (B 52's)
5) Out At The Pictures (Hot Chip)
Música Nacional
1) Tudo o que eu sempre sonhei (Pullovers)
2) Magrela Fever (Curumin)
3) Pendurado (Wado)
4) Desabafo (Marcelo D2)
5) Paper Boards (Venus Volts)